segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A liberdade de ser o que se é! - COMPARTILHANDO


A mídia nunca esteve tão gorda, e as redes sociais mais ainda. Foi tanto assunto que quase me perdi em meio a tantos artigos, comentários e quase cheguei a acreditar que agora vamos, nós gordos, ter um espaço para podermos falar feito gente magra fala nos veículos de comunicação. Quem sabe, não é? Acho um pouco utópico, mas quem der o espaço sai na frente. Fica aí a dica bem gorda.

Mas não me refiro àquele espaço onde só se fala em obesidade e saúde. Saúde e obesidade. É preciso descortinar para a sociedade, embora ela própria já faça parte com 51% da população, como pensam e vivem os gordos pelos nossos olhos e não pelos olhos editados dos magros. Porque se for pra expor os gordos, vamos fazer de maneira mais inteligente e que traga benefícios reais. É preciso falar abertamente, principalmente para as pessoas que ainda não conseguem lidar com seu próprio corpo, sobre gordura, obesidade, preconceito, sexo, relacionamento, mercado de trabalho, filhos, entretenimento, mas sem dramatizações exacerbadas.

Não como é feito pela enfermeira gorda da novela que é ridicularizada o tempo todo por todos e que sofre de apatia total e nós gordos formadores de opinião termos que ficar dizendo nas redes sociais que não, que nem todo gordo é assim, que o autor está equivocado, que não se pode generalizar, que existem milhares de mulheres iguais a Perséfone, mas que também existem milhares de mulheres gordas bem resolvidas que têm uma vida social intensa, uma carreira bacana, que namoram, se divertem, têm suas aventuras, família, filhos, se sentem bonita, gostosas, atraentes, como toda e qualquer mulher magra, rica ou pobre, alta ou baixa, branca, negra ou amarela.

Enfim, cansa ter que ficar dizendo que o conto de fadas da princesa gorda que se casou com o príncipe bonitão não aplacou o excesso de preconceito chulo a que as gordas forma expostas em rede nacional. E que se queriam contribuir socialmente com o assunto obesidade, perderam a chance. Porque se a personagem fosse uma gorda bem resolvida, o preconceito sobre obesidade talvez fosse discutido sob outro ângulo mais inteligente e que valesse a pena, porque o caricato já deu o que tinha que dar e os resultados são, no mínimo, desastrosos e ineficientes.

Na outra ponta está a foto de uma modelo magérrima que foi chamada de o 'corpo perfeito' pelo site de uma publicação feminina famosa. Foi um Deus nos acuda. As redes sociais viraram um pandemônio de críticas e elogios ao corpo da moça. Muito mais de críticas e foram tantas, algumas inclusive bem desnecessárias, que eles voltaram atrás, editaram o texto, modificaram o título da matéria e fizeram até um pedido de desculpas. Diante disso, é preciso fazer algumas considerações:

1. Eu me senti muito feliz por eles terem feito isso.

2. As pessoas são cruéis e não gostam de gente feliz, seja gorda ou magra.

3. Não julgue a modelo pela foto. Se você não é íntimo, não tem o direito de dizer que ela está doente, mesmo que pareça.

4. Ela precisa ter este corpo para trabalhar.

5. As pessoas que trabalham nesse tipo de publicação precisam começar a olhar para o mundo a sua volta e entender que é difícil falar em beleza perfeita diante da diversidade.

6. Uma publicação feminina desse peso voltar atrás e modificar o título de sua matéria pode parecer bobagem para algumas pessoas, mas para quem sofre com essa ditadura da beleza é uma vitória. A publicação é formadora de opinião e se fez isso é porque soube interpretar as mudanças no comportamento e no olhar do consumidor contemporâneo.

7. Eu continuo adorando o que eles fizeram e a grande verdade é que os tempos estão mudando, novas perspectivas surgindo e a beleza mais admirada hoje é aquela que vem esculpida pela valorização de si mesmo.

A questão é tão simples que, se pensada, beira o ridículo: todos somos seres humanos, em suas diversas formas querendo apenas o direito de viver nossas vidas. É tudo tão absurdo que hoje é preciso se defender das piadinhas e ao mesmo tempo ficar provando o tempo todo o quanto você é boa mesmo estando quilos e quilos acima do peso considerado ideal. Assim como as moças que possuem um biótipo muito, muito magro, precisam ficar provando que não são anoréxicas.

A liberdade de sermos quem somos parece ter desaparecido diante da força que é a imposição das formas de um corpo, muito mais do que as formas das ideias que povoam as mentes que guiam esses corpos.

Por isso, cuide do seu amor-próprio e, como o próprio nome diz, ele é pessoal. E ao se amar, jamais peça desculpas pelo que você é e pela maneira como você se sente, independente do tamanho do seu corpo. Porque o que o mundo está precisando é de pessoas que, antes de assumir uma posição, assumam a si mesmas e todo o amor que possam sentir por si próprias, feito essas mulheres do editorial 'Diversidade de belezas brasileiras. Uma homenagem à primavera', produzido pela produtora de moda e modelo plus size Carol Santos e pela Adriana Libini, uma das mais conceituadas e cotadas fotógrafas do mercado de moda plus size brasileiro.

FONTE: KEKA DEMÉTRIO

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